Edição 31 - Abril/2023 | Editorial

Terra que dá canção

O projeto Literatura Brasileira no XXI segue somando literatura com democracia. Houve um tempo, nem tão passado, em que a literatura que nos representava como nação precisava estar no livro. O cantado de canto em canto, ou de boca em boca contado, não era digno da cultura brasileira. Até crônicas e contos não raro carregavam o peso de nascerem na efemeridade de jornais e revistas.

Mas desde o século XIX, uma expressão popular que acolheu até eruditos foi vingando como árvore frondosa, resistente a ventos e motosserras. Era a canção popular brasileira em seus muitos ramos. Em princípio despeitada por nossas elites, hoje representa o nome do Brasil no mundo mais que a própria literatura convencional.

A partir do século XX, com o rádio e depois a televisão, com a popularização da reprodução mecânica da música em disco de acetado e vinil, a canção cantou nossos eventos e sentimentos. Nada lhe escapou, o cinema falado chacoteado por Noel Rosa (“Não tem tradução”, 1933), ou a escalada da violência urbana em versos de Itamar Assumpção (“Baby”, 1980).

Juliana Amaral, uma verdadeira multiartista (cantora, compositora, poeta, cenógrafa, atriz e por aí afora), ofereceu a oficina “Canção-Assentamento: terra, território e terreiro”. Como o título sugere, ela selecionou o debate sobre a terra, algo que marca nossa canção urbana e rural desde sempre.

A terra que se perde e ganha. A terra que se invade e toma. A terra que dá frutos e colhe mortes. A terra que brota prédios e quilombos. A terra que dá a canção talvez mais diversa em ritmos e temas do planeta. Participantes leram canções com seus olhos, ouvidos e histórias. E, no final, compuseram um canto coletivo, um coro de mulheres, vozes enraizadas na terra-canção brasileira.

Boa leitura-ouvida! 

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